Foto de arquivo de 22 de abril de 2021 do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante entrevista coletiva so Salão Leste do Palácio do Planalto, em Brasília. — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
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Ricardo Salles foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (23) do cargo de Ministro de Meio Ambiente. Desde 2019, foram recordes nas taxas de desmatamento e de queimadas, com fortes críticas de ambientalistas, de especialistas e de países que defendem o combate à emergência climática. O agora ex-ministro é alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre a maior apreensão de madeira da história.

Amazônia mais desmatada em 2021

Foram três meses seguidos de recordes nos alertas de desmatamento no primeiro semestre deste ano. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) gera esses dados quase em tempo real para as equipes de fiscalização ambiental, que devem ir a campo para confirmar a devastação e multar os infratores.

A Amazônia perdeu 810 quilômetros quadrados de floresta em março. Para se ter uma dimensão do estrago, o tamanho da área devastada foi um pouco maior que a cidade de Goiânia. O desmatamento aumentou 216% em relação a março de 2020.

Em abril, foram 778 km² de floresta devastada, o maior valor para o mês registrado nos últimos dez anos, segundo monitoramento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O mesmo aconteceu em maio: antes mesmo de o mês terminar, a região já tinha 1.180km² de área sob alerta de deflorestação, o maior número para o mês desde 2016.

Recorde de desmate em 2020

A área desmatada na Amazônia foi de 11.088 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados Inpe. Essa foi a maior área devastada desde 2008, quando o Prodes apontou 12.911 km² desmatados. O Pará concentra quase metade do desmatamento.

Pantanal em chamas

Em 2020, os incêndios que atingiram o Pantanal consumiram, pelo menos, uma área de vegetação dez vezes maior do que em 18 anos de devastação. O bioma registrou o maior número de focos de incêndio de sua história – foram 22.116 pontos detectados no ano passado, contra 10.025 registrados em 2019.

Entre 2000 e 2018, o Pantanal perdeu cerca de 2,1 mil km² de área nativa. Já em 2020, ainda em setembro, conforme os dados divulgados por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal (INPP) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o bioma já havia visto cerca de 23 mil km² serem consumidos pelas chamas.

4,65 bilhões de animais afetados

Com todo o fogo registrado no território pantaneiro em 2020, pesquisadores mostraram números alarmantes sobre o impacto nos animais que habitam o bioma. De acordo com o estudo, os incêndios no bioma afetaram pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados.

Ibama em baixa

O Ibama, pelo menos desde 2004, nunca expediu tão poucas autuações de crimes contra a flora como em 2020. O G1 analisou os dados da gestão Salles e comparou com os anos anteriores. A série escolhida começa em 2004, quando ocorreu uma migração de sistemas para o meio digital.

As autuações do instituto na Amazônia Legal caíram 62% de janeiro a setembro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Até 18 de outubro do ano passado, foram 938 crimes contra a flora, enquanto o mesmo período de 2019 teve 2.475 autuações. Todos os estados apresentaram o menor número de autuações da série desde 2004.

Desmatamento em terras indígenas

Entre agosto de 2018 e julho de 2019, período de monitoramento do sistema Prodes do Inpe, que mede a perda de floresta na Amazônia Legal, as terras indígenas apresentaram uma taxa de desmatamento 74% maior do que o mesmo período nos 12 meses anteriores.

Foram 423,3 km² desmatados em terras indígenas, a maior perda de área de vegetação desde 2008.

Mineração avança

A mineração desmatou 405,36 km² da Amazônia Legal entre 2015 e 2020, segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, reunidos pelo G1. A área derrubada equivale a cerca de 40,5 mil campos de futebol. Ao longo de 2019 e 2020, esse desmatamento causado pela atividade mineradora também registrou recordes e avançou sobre áreas de conservação.

A série histórica, que compila dados desde 2015, aponta que o mês com a maior devastação foi maio de 2019, com 34,47 km² desmatados. Em seguida, ficou julho de 2019 com 23,98 km². Além disso, 2020 teve os piores junho (21,85 km²), agosto (15,93 km²) e setembro (7,2 km²) da série.

G1

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