Roberto Ferreira Dias (Foto: Pedro França/Agência Senado)
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Documentos a que o Jornal Nacional teve acesso mostram que, na gestão de Roberto Dias, o Departamento de Logística do Ministério da Saúde aceitou pagar a uma empresa um valor 1.800% maior que o recomendado num parecer dos técnicos da pasta.

O contrato inicial com a empresa VTCLOG previa pagamentos de R$ 485 milhões até 2023. Em fevereiro, esse valor subiu mais R$ 88 milhões, quase 20%, e está sendo pago.

Desde 2019, a empresa e a Saúde divergiam sobre como deveria ser o cálculo de remuneração pelo serviço de receber e organizar os medicamentos. Por causa disso, os pagamentos foram suspensos. Pelo método proposto pelos técnicos, a remuneração correta era de R$ 1 milhão. A empresa defendia que, pelo contrato, o valor seria R$ 57 milhões.

O impasse só foi resolvido com a participação de Dias, hoje acusado pelo MP Luiz Paulo Dominguetti de cobrar propina em suposta negociação de venda de vacinas.

O então diretor de Logística concordou com uma contraproposta da VTCLOG, que sugeriu um acordo de pagamento de R$ 18 milhões. Eram 60% a menos do que a empresa queria inicialmente, mas 1.800% a mais do que defendia o próprio ministério.

A consultoria jurídica da pasta questionou a negociação, que viu como potencialmente desvantajosa à administração pública, e recomendou que a área técnica avaliasse outras opções. Mesmo assim, a diretoria de Dias foi em frente com o acordo.

Em nota enviada a O Antagonista, a defesa do ex-diretor negou as acusações de sobrepreço e alegou que Dias assinou um “aditivo de redução”, que teria gerado economia de mais de 50% para os cofres públicos no contrato em questão.

O Antagonista

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