O ministro da Saúde Marcelo Queiroga prestou entrevista exclusiva para o programa Olho Vivo da TV Diário do Sertão, na tarde da última quarta-feira (22), onde falou das ações da sua pasta no enfrentamento à Covid-19 e também os últimos acontecimentos da política que envolvem o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O Brasil voltou a registrar crescimento de casos de Covid-19 e internações nos hospitais, mas o ministro ressalta que 80% da população já tomou pelo menos duas doses de vacina e cerca de 100 milhões de doses de reforço já foram aplicadas. Queiroga afirma que essa cobertura vacinal está reduzindo as internações em eixos vermelhos e os óbitos.
“Apesar de termos um aumento de casos nos últimos trinta dias, a média móvel de óbitos é inferior a 150 óbitos por dia. Toda vida é importante, mas se compararmos com a um ano e três meses atrás, quando eu assumi o Ministério, que tínhamos uma média móvel superior a três mil, tivemos uma redução de mais de 90% dos óbitos no Brasil, e é por isso que nós encerramos a emergência de saúde pública de importância nacional”, explicou o ministro.
Varíola do macaco
Segundo Marcelo Queiroga, até o momento o Brasil registrou nove casos confirmados de varíola do macaco e dez casos estão sendo monitorados. Mas ele reitera que o momento ainda não é de preocupação porque a Secretaria de Vigilância em Saúde está mobilizada no acompanhamento. “É uma situação de monitoramento, não é uma situação de preocupação”, disse.
Poucos hospitais e ambulâncias no Sertão
O radialista Cláudio Nepó destacou que no Vale do Piancó, região que fica no sertão paraibano, apenas um hospital atende a 14 municípios e apenas uma ambulância serve a 18 cidades no atendimento a gestantes. Nepó indagou sobre o papel do Ministério da Saúde para melhorar essa cobertura hospitalar na região.
Marcelo Queiroga disse que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite (União, Estados e Municípios) e cabe aos municípios e ao Estado da Paraíba gerir a saúde “na ponta”. Segundo ele, o papel do Governo Federal é possibilitar recursos através de programas, mas é preciso que os prefeitos e o governador realizem pactuações para que as demandas cheguem ao Ministério.
Falta de hospitais especializados fora de Campina e João Pessoa
Marcelo Queiroga foi indagado acerca da falta de hospitais especializados no sertão do estado, a exemplo de um hospital de trauma e uma unidade oncológica, especialidades essas que só são oferecidas em Campina Grande e João Pessoa.
Sobre isso, ele voltou a citar a gestão tripartite do SUS e as responsabilidades dos municípios e do Estado. Mas ressaltou que “é um objetivo ampliar a assistência, e tudo que pudermos fazer para que as pessoas tenham uma condição de assistência melhor onde elas moram, nós faremos”.
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Caso Queiroguinha
Marcelo Queiroga também foi indagado a respeito de uma reportagem do Jornal O Globo sobre uma suposta participação do seu filho, conhecido como Queiroguinha, intermediando prefeitos para liberar recursos e ações do Ministério da Saúde. O caso ganhou maior repercussão porque Queiroguinha é pré-candidato a deputado federal pelo PL da Paraíba.
Marcelo Queiroga diz que o ‘Caso Queiroguinha’ não existe e que o Jornal O Globo não tem provas materiais para embasar a reportagem.
“Naturalmente ele [Queiroguinha] não fala em nome do Ministério da Saúde e nem falou em nenhum momento. E essas ações que são ventiladas nesse jornal carecem de absoluta materialidade. Onde estão esses recursos que foram intermediados, segundo essa reportagem, pelo Queiroguinha? Simplesmente não existem. Não há intermediação. Os recursos que existem são de programas. Eles são encaminhados não só para a Paraíba, mas para os 5.570 municípios do Brasil”, disse o ministro.
Prisão do ex-ministro da Educação
A respeito da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e de outras quatro pessoas, entre elas dois pastores, Marcelo Queiroga respondeu que Ribeiro “terá a oportunidade de apresentar sua defesa”. E completou afirmando que “o governo do presidente Bolsonaro tem compromisso absoluto com a probidade administrativa” e “todo ato que não seja de acordo com a lei tem que ser apurado”.
Milton Ribeiro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC.
Raízes e legado
Marcelo Queiroga, cuja mãe é natural de Cajazeiras e o pai é de Piancó (cidades do Sertão paraibano), disse que o principal legado da sua gestão é “o reconhecimento do Sistema Único de Saúde como uma das principais formas de assegurar justiça social para a população brasileira”.
Luis Fernando Mifô – Portal Diário